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  • desabafo após tio morrer de coronavírus: era saudável

    Um post de uma jovem de 22 anos ganhou grande repercussão nas redes sociais por conta de um desabafo após a morte do tio dela, de 43 anos, vítima de coronavírus. A educadora física Bárbara de Andrade Baleco é de São Vicente, no litoral paulista, e relatou que o familiar morreu com coronavírus quatro dias após ser internado, mesmo sendo saudável. Na postagem, ela destacou que a doença não é uma guerra política e pediu a conscientização da população com relação a seriedade da pandemia.

     

    Valdir Eronides de Andrade, segundo a sobrinha, era uma pessoa saudável. No dia 10 de abril, ele começou a ter febre alta e dores pelo corpo. Já no dia 12, além dos primeiros sintomas, o tio também perdeu o apetite e começou a tossir. No dia seguinte, ele estava sem febre, mas ainda com dor no corpo e enjoo.

     

    "Ele foi até o hospital, fez teste pago e deu negativo, porque ninguém o orientou que deveria esperar de sete a oito dias para dar positivo, só disseram depois que ele pagou", conta a sobrinha. Segundo Barbara, depois do teste, o tio foi a outro hospital e fez raio-x e exame de sangue. "O médico notou manchinhas no pulmão, mas apenas receitou remédio e o liberou", acrescenta a jovem.

     

    Já no dia 16 de abril, Valdir começou a sentir um forte cansaço e a dor no corpo persistia. Então, ele retornou para um hospital em São Vicente. Na unidade, ele foi encaminhado para outro hospital em Santos, já com oxigênio. "Lá ele fez uma tomografia e o médico já achou melhor internar. Já sabiam que estava com Covid-19. Nisso, ainda tínhamos contato com ele via WhatsApp e ele falava que não estava bem, que só conseguia respirar com máscara de oxigênio" relembra a educadora física.

     

    No dia 17, Valdir foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido a complicações para respirar e, desde então, a família não teve mais contato com ele. "Ficávamos dependentes de boletim médico. Como ele foi encaminhado para a UTI no dia 17 de tarde, só fomos ter notícias dele dia 18, quase 18h. Passamos o dia todo sem saber o que estava acontecendo. Ao ligarem para dar o boletim do dia 18, ele já estava sedado e intubado. Essa era a pior parte, só ter notícias uma vez ao dia", diz Barbara.

    Na manhã do dia 19 de abril, Valdir faleceu. Como protocolo, não houve velório e o enterro foi limitado para poucas pessoas da família. "Nos assustou devido a rapidez da doença e por nos sentirmos de mãos atadas, por não poder estar perto e nem ao mesmo ter notícias. Imagine passar um dia inteiro angustiado esperando um boletim médico", desabafa.

     

    Após o ocorrido, Barbara resolveu fazer uma postagem de desabafo nas redes sociais. No texto, ela conscientizou sobre a doença e a publicação teve mais de 1 mil curtidas e compartilhamentos em poucos minutos.

     

    "Fiz o texto devido a revolta de muitas pessoas acreditarem que essa doença não é nada, que só atinge idosos ou pessoas com comorbidades. Meu tio faleceu tão rápido e vejo muitos pensarem apenas em si, achando que são os únicos que possuem problemas, contas, ou que irão perder empregos. Falta conscientização de forma geral em entender que estamos vivendo uma guerra com um inimigo invisível. Meu tio saía para trabalhar, e quantas mais pessoas, como ele, também precisam ir, enquanto outras fazem festas ou ficam na rua por achar que nunca vão pegar essa doença?", destaca Barbara.

     

    "Virou uma guerra política e de ideias desnecessárias, onde cada vez mais essa doença avança e se aproxima da nossas vidas, das nossas famílias. Para nós que perdemos familiares ou amigos para a doença, machuca muito ver essa falta de solidariedade e individualidade. Precisamos sair da bolha e parar de achar que somos "imbatíveis". É mais fácil levantar um falido do que um falecido, pois as contas ficam, mas a vida não. Antes uma saudade temporária do que uma saudade eterna", conclui.